Deixem-me Sorrir.



Deixem-me Sorrir.
Olha bem pra mim e, por favor, responda
Qual foi o meu crime para nascer assim?
E amar a alguém que nasceu tão bela.
Será que a aquarela do céu faltou tinta,
Ou usaram toda que havia em você?
E pra mim restou a borra para rabiscar a tela.

Mesmo assim veja o meu sorriso.
Não é de loucura e sim felicidade.
Sei que somos filhos de um mesmo pai,
Se um sai muito belo e o outro não sai,
Nem os dedos da mão são todos iguais,
A beleza não passa de pura vaidade.

Muitas vezes um castelo é belo por fora.
Encanta os olhos de quem não o conhece.
Paredes enfeitadas por ricos afrescos,
Porém habitados por seres que assustam,
Serve de vivenda para as almas apenadas
A noite é teatro de gritos dantescos.

Sou feio aos seus olhos para mim sou belo,
A imagem de Deus talvez feita a martelo,
Continuo sorrindo enquanto Ele assim permitir,
Se não quiser ver vire o rosto de lado.
Que adianta ser belo e mal humorado?
Não incomodo ninguém, eu só quero sorrir.

Um pai nunca vê feiúra num filho,
Eu amo o meu por que sei que é assim.
Por isto o seu deboche pelo meu aspecto,
Faz com que o Pai sorria sempre pra mim.
E é deste sorriso que tanto preciso
Vou viver sorrindo até o fim.
J. Norinaldo.
Edição: Emanoel Fernandes.

Bandeirinhas do Inusitados

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