Homens que dormem menos de seis horas por dia têm quatro vezes mais chances de morrer

Um estudo publicado na edição de setembro da revista científica Sleep revelou que os homens que dormem por poucas horas diariamente podem morrer mais cedo. Os cientistas descobriram que aqueles que sofrem de insônia crônica e descansam menos de seis horas por dia têm um risco quatro vezes maior de morrer do que aqueles que não enfrentam esses problemas.
Foi a primeira que uma pesquisa demonstrou a relação entre o sono e a mortalidade. Antes, os cientistas já sabiam que a insônia crônica associada a noites mal dormidas poderia provocar problemas neurológicos, além de aumentar o risco de diabetes tipo 2 e de pressão alta. Nesses pacientes, o risco de mortalidade é ainda maior.

O alerta dos pesquisadores, no entanto, não se restringe apenas a quem sofre de insônia crônica - doença que se caracteriza por dormir menos de seis horas durante longo período de tempo. Segundo a médica Dalva Poyares, do Instituto do Sono e professora da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), quem enfrenta problemas constantes para dormir também precisa
ficar atento.

- [Segundo a pesquisa], a maior mortalidade afeta quem tem insônia e, além disso, tem uma diminuição do sono de maneira objetiva. Mas quem dorme pouco durante muito tempo também está sujeito.

De acordo com a psiquiatra Ana Paula Megale Hecksher, especialista em sono, dormir é importante porque ele mantém o organismo regulado e ajuda no sistema de defesa do corpo.

- O cérebro funciona muito durante o sono, quando são liberadas substancias responsáveis por manter sistema imunológico (proteção) ativo. Pela noite, o sistema de defesa é reorganizado. O indivíduo que não dorme bem tem esse sistema mais fragilizado, ficando mais sujeito a doenças.

Ana Paula afirma ainda que uma noite mal dormida faz a pressão cardíaca ficar desregulada. Além disso, hormônios como adrenalina e cortisol ficam em níveis mais altos. Essas substâncias estão envolvidas com o estresse e influenciam na pressão arterial do organismo.

Segundo a psiquiatra, a privação de sono afeta também a memória e a atenção do indivíduo, deixando a pessoa mais suscetível a acidentes no trabalho, no trânsito, em casa, dentre outros.

- É um problema de saúde pública. Mas agora estamos tendo mais espaço para discutir.
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Segundo Dalva, as pessoas que precisam ficar mais atentas, porque são as mais sujeitas a sofrer com insônia, são aquelas que vivem preocupadas, que têm uma atividade mental intensa, que trabalham muito e as que não têm um ritmo regular de sono.

De acordo com um dos autores do estudo americano, Alexandro N. Vgontzas, professor de psiquiatria do Centro Médico de Medicina de Hershey, nos EUA, os resultado deve servir como alerta a população e a classe médica para os perigos do sono.

- Esses resultados vão aumentar a consciência de médicos e cientistas para que a insônia seja diagnosticada precocemente e tratada adequadamente.

O estudo acompanhou por dez anos mil mulheres com idade média de 47 anos, e, por um período de 14 anos, um total de 741 homens com idade média de 50 anos.

Diferente dos homens, os cientistas não encontraram a mesma relação entre mortalidade e insônia crônica nas mulheres. Eles não souberam explicar o porquê, mas imaginam que o menor de acompanhamento pode ter influenciado no resultado.
Fonte: R7

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