Mercúrio faz pássaros virarem gays

Segura essa: ingerir pequenas doses de mercúrio faz os íbis (esses carinhas simpáticos aí na foto) machos preferirem copular entre si do que com as fêmeas. Já era sabido que algumas substâncias químicas são capazes de “feminilizar” os machos, fazendo-os adotar comportamentos típicos das fêmeas, ou mesmo de reduzir sua fertilidade – mas até então os afetados ainda preferiam o sexo oposto. Cientistas da Universidade da Flórida, nos EUA, e da Universidade de Peradeniya, no Sri Lanka, responsáveis pelo estudo, dizem que é a primeira vez que um poluente é visto afetando diretamente a orientação sexual dos animais.
Para testar esse efeito, os pesquisadores observaram o comportamento de 160 íbis brancos, divididos por eles em quatro grupos: um deles recebeu comida normal; os outros três, alimentos com diferentes doses de mercúrio. E foram desses três grupos que saíram “significativamente” mais machos homossexuais: eles se paqueraram, construíram ninhos juntinhos e fizeram companhia uns para os outros por várias semanas. (Só não se reproduziram, é claro.)
E quanto maior a quantidade de mercúrio administrada, maior o efeito: 55% dos machos do grupo que recebeu a maior dose foram afetados.
É até bonitinho, mas as consequências disso para a natureza (lembrando que os animais selvagens muitas vezes entram em contato com poluição e resíduos industriais que têm o potencial de conter mercúrio) podem ser bem graves – e até levar à extinção das aves. Do total de ninhos de íbis não-produtivos – os que não renderam filhotes – observados, 81% pertencia a casais gays. E a coisa fica mais séria: apesar de nem todos os que entram em contato com o mercúrio experimentarem o outro lado, mesmo os pássaros que se mantiveram heterossexuais durante o estudo “esfriaram”: eles passaram a demonstrar menos interesses nas fêmeas e, pasmem, se tornaram pais negligentes quando a cópula rendia.
Se isso é só com o íbis? Outros pássaros provavelmente seriam afetados da mesma maneira, dizem os cientistas. Mas e outros animais? E nós, humanos? Aí ninguém sabe responder com absoluta certeza. Mas eles lembram que não há qualquer evidência de que o mercúrio leve à homossexualidade nos humanos – e vários estudos já tocaram nesse tópico. Ao menos não de forma tão “significativa”. “Se o efeito fosse tão forte nos humanos quanto nos íbis, alguém já teria descoberto“, diz o líder da pesquisa, Peter Frederick, da Universidade da Flórida.

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