Igreja Católica da Alemanha lucra com pornografia de editora da qual é sócia

Doze das 27 dioceses da Igreja Católica da Alemanha possuem 24% das ações da Publishing Group Weltbild. Isso significa que elas vinham se beneficiando dos lucros da editora com a venda de livros como “Vagabundas” e “A Prostituta do Advogado”, de conteúdo pornográfico, além dos de temas esotéricos, magias e satânicos.

As primeiras queixas de fiéis contra esse negócio da igreja datam de 10 anos atrás. Depois, em 2008, um grupo de católicos enviou para cada um dos bispos um relatório de 70 páginas sobre o tipo de livros editados pela Weltbild. Os bispos e as 12 dioceses fingiram que nada tinham a ver com o caso.

A Weltbild é uma das maiores editoras da Alemanha. Por seu catálogo passaram mais de 2.500 livros, entre os quais o best-seller de Dan Brown "O Código da Vinci", que tem sido muito criticado pelos católicos. O faturamento anual da editora é de € 1,6 bilhão, cerca R$ 3,6 bilhões.

Esse faturamento explica por que as dioceses se mantiveram tanto tempo como sócias de uma editora com interesses seculares tão diversos.

Pressionadas por fiéis, imprensa e o papa Bento 16, as dioceses anunciaram na semana passada que vão colocar à venda a sua parte da editora. Dom Joachim Meiser, arcebispo de Colônia, anunciou a decisão com uma frase de efeito: “Não podemos ganhar dinheiro durante a semana com algo contra o qual pregamos aos domingos”.

Não podem, mas o fizeram por mais de uma década.

A repercussão do caso das ações reforça a desmoralização da Igreja Católica na Alemanha, onde houve em 2010 uma avalanche de denúncias contra mais de 100 padres pedófilos. Por conta disso, só naquele ano cerca de 25 mil fiéis se afastaram da diocese que foi dirigida pelo cardeal Joseph Ratzinger, que se tornaria o papa Bento 16.
Fonte: Paulo Lopes

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