Paquistanesa que foi vítima de ataque com ácido comete suicídio
Fakhra Younus, em fotos depois e antes do ataque com ácido (Foto AP)
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Fakhra foi supostamente atacada pelo marido, Bilal Khar, um ex-parlamentar paquistanês e filho de um político importante do país. Eles foram casados durante três anos até que Fakhra o deixou alegando abuso físico e verbal. Ela contava que tinha ido para a casa da mãe e, enquanto dormia em uma noite do ano 2000, Khar entrou na casa e teria despejado ácido em seu rosto.
Khar foi julgado e absolvido das acusações, mas muitos no Paquistão acreditam que ele usou suas ligações com o poder para poder escapar de uma condenação, algo que seria comum no Paquistão. A morte de Fakhra ocorreu menos de um mês depois de uma cineasta paquistanesa Sharmeen Obaid-Chinoy ter conquistado o primeiro Oscar concedido ao país, o prêmio de melhor documentário de curta-metragem, com o filme de 52 minutos Saving Face, que conta justamente o drama das mulheres atacadas com ácido no Paquistão.
Fakhra Younus era uma adolescente e dançarina na área de prostituição da cidade de Karachi quando conheceu o marido Bilal Khar, filho de Ghulam Mustafa Khar, ex-governador da província do Punjab. Bilal Khar, na época com mais 30 anos, iniciou então com Fakhra seu terceiro casamento.
Em uma entrevista concedida à televisão paquistanesa logo após o suicídio de Fakhra, Khar novamente negou ter atacado a ex-esposa e sugeriu que outro homem, com o mesmo nome, teria cometido o crime. Khar também afirmou que Fakhra cometeu o suicídio pois não tinha dinheiro e não devido aos ferimentos no rosto.
Em uma de suas últimas entrevistas, concedidas em fevereiro, Fakhra afirmou que paquistaneses poderosos tratam cidadãos comuns com brutalidade e "não sabem o quanto eles tornam dolorosa a vida dos outros". Fakhra vivia na Itália e o governo italiano pagava pelo tratamento dela e também dava dinheiro para que ela vivesse no país e pudesse manter o filho de outro relacionamento na escola.
"A parte mais triste é que ela percebeu que o sistema no Paquistão nunca iria dar alívio (a ela). Ela estava totalmente decepcionada (com o fato) de que não havia justiça para ela", disse Nayyar Shabana Kiyani, ativista da organização paquistanesa de defesa das mulheres The Aurat Foundation.
O departamento de direitos humanos do partido paquistanês PPP também se manifestou depois do suicídio de Fakhra. A coordenadora central do departamento, Nafisa Shah, disse ao jornal Pakistan Observer na terça-feira que a morte de Fakhra é o reflexo do estado do sistema de justiça criminal do Paquistão, que não identificou e nem puniu os responsáveis pelo ataque. "Como, 12 anos depois, o principal acusado, responsável por desfigurar Fakhra Younus, está usufruindo de liberdade absoluta, é uma questão que temos que fazer", disse.
Fonte: Meio Norte