Pintinhos coloridos causam polêmica nos Estados Unidos

Pintinhos coloridos vendidos nos Estados Unidos: uma tradição na Páscoa Foto: Reuters

Pintinhos em cores brilhantes — amarelos, verdes, roxos, vermelhos — são oferecidos nos Estados Unidos como presentes de Páscoa há muitas gerações, embora metade dos estados do país tenham leis proibindo a prática. A pintura é injetada ainda dentro do ovo, no 18 dia de incubação, ou pulverizada sobre os filhotes. Enquanto os criadores dizem que a técnica é inofensiva e as crianças se divertem, pessoas preocupadas com os direitos dos animais protestam, dizendo que as pequenas aves se tornaram brinquedos facilmente descartáveis. Este ano, a polêmica ganhou um novo elemento: a Assembleia Legislativa da Flórida aprovou uma lei que derrubará a proibição de se tingir animais, válida há 45 anos. A medida foi tomada a partir do pedido de um criador de cães que queria inscrever seus animais num concurso.

— As pessoas estão se excedendo em relação a estes animais todos os anos — disse Don Anthony, da Fundação dos Direitos dos Animais da Flórida, ao “New York Times”, que noticiou o caso. — Esta lei protegeu milhares de animais de negligência e abuso, e não deveria ser suspensa por causa do capricho de um dono de cachorro que quer pintá-lo de roxo.

Nos últimos tempos, a tradição de oferecer pintinhos coloridos como presente de Páscoa tem se tornado menos bem-vista, embora ainda seja comum em algumas partes dos Estados Unidos.

— Muitas incubadoras não tingem mais aves — diz Andrew Malnoe, um criador de frangos de Melbourne, na Flórida, acrescentando, no entanto, que têm visto um ou outro fazendeiro vendê-lo. — Se alguém viesse me pedir eu até poderia fazer isso, mas prefiro me manter longe do negócio de animais de estimação.

A cor dura apenas algumas semanas: a tintura sai à medida em que os pintinhos se tornam jovens adultos, e suas penas crescem na cor normal. Especialistas em aves domésticas dizem que a saúde delas não é afetada. E há quem modifique sua aparência com propósitos científicos e educacionais: pesquisadores da vida selvagem usam a técnica de injetar a tinta nos ovos para monitorar os pássaros depois que eles deixam o ninho, e professores tingem pintinhos para mostrar aos alunos como as penas crescem. Mas o mais comum é que as pequenas aves sejam oferecidas como presentes de Páscoa.

— Você pega tinta usada em alimentos e injeta no ovo no 18 dia de incubação — explica Peter R. Theer, um criador de aves aposentado que vive em Lampasas, no Texas, e mantém um manual sobre a técnica em seu site. — Isso não faz mal para os pintinhos, porque a tinta usada em alimentos é perfeitamente segura.

Até fechar sua loja, em 2008, Theer vendia pintinhos coloridos e sempre pedia aos clientes que trouxessem-nos de volta caso suas crianças se cansassem deles — o que acontecia com frequência.

— Vendíamos muitos deles. As pessoas compram qualquer coisa. Muitos compravam um ou dois de cada cor, às vezes 10 ou 15. As crianças se cansam muito rapidamente — justifica.

Muitos donos de incubadoras são pouco claros em relação à prática. Grande parte dos criadores, incluindo alguns poucos que chegaram a anunciar os pintinhos coloridos para venda on-line, garantem que já não os comercializam mais por telefone. Uma fazendeira do Missouri, que pediu para não ser identificada, temendo represálias, disse que tinge os pintinhos para vendê-los em grandes quantidades às lojas:

— Você pulveriza a tinta sobre eles e os coloca numa incubadora, onde eles secam rapidamente.

Os defensores dos direitos dos animais dizem que a experiência é, no mínimo, estressante para as aves, e que elas são vendidas ainda em tenra idade, o que também era proibido pela lei que a Flórida está revogando.

Michael E. Kjelland, um cientista e professor de universiadde de Valley City, em Dakota do Norte, acha que tingir os pintinhos é errado, mas ele próprio injeta tinta em embriões de frangos, em experimentos limitados, para usá-los como ferramenta de pesquisa e de ensino. No ano passado, para tornar seus alunos de biologia mais interessados na ciência, ele produziu um pintinho rosa, verde e amarelo.

— Os estudantes interessante e surpreendente que se pudesse fazer aquilo — Sou cuidadoso quando tinjo os animais, e não faço isso para vendê-los — argumenta Kjelland, cujo irmão cria galinhas.

Este ano, numa experiência doméstica, Kjelland injetou tinta fluorescente, do tipo usado para fazer tatuagens ultravioletas, em embriões de frangos e patos. Ele teme as consequências da pintura para a saúde humana, e vai usar o trabalho para tentar obter financiamento para um estudo formal.

— Quero ver se há algum efeito nos embriões em desenvolvimento. Eles terão uma cor fluorescente brilhante, quase neon — diz o cientista, que presenteará os sobrinhos com as aves.

Neste domingo de Páscoa, pintinhos tingidos ainda serão ilegais na Flórida, uma vez que a mudança na lei só terá efeito a partir de primeiro de julho. Laura Bevan, diretora da regional sul da Sociedade Humanitária dos Estados Unidos, diz ter acreditado que os legisladores do estado estariam abertos a algumas modificações no projeto, de forma a permitir que criadores de poodles pudessem tingi-los, mas os de aves domésticas, não.

— Teremos que tentar consertar tudo no ano que vem — diz ela.
Fonte: Extra

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