O que vai ocorrer com os corpos dos colonizadores que morrerem em Marte?
No entanto, apesar de toda a animação com a possível colonização de Marte, a empreitada não será nada fácil e, segundo disse Elon Musk, quem quiser ir até o Planeta Vermelho precisa estar preparado para morrer. Além disso, pensando que aqueles que sobreviverem à viagem estarão fixando residência em outro mundo, isso significa que eles podem nunca mais voltar à Terra. Nesse caso, e os cadáveres desse povo, que fim levarão?
Morto em Marte
Segundo Sarah Laskow, do site Atlas Obscura, de todas as pessoas que já foram enviadas ao espaço até hoje, só três perderam a vida: os cosmonautas russos Georgy Dobrovolsky, Vladislav Volkov e Viktor Patsayev, que estavam a bordo da Soyuz 11 e morreram durante a sua reentrada na atmosfera terrestre. Portanto, quando o primeiro terráqueo morrer em Marte, esse triste evento será uma espécie de marco para a humanidade.
Afinal, nunca, jamais, um ser humano foi enterrado, cremado ou abandonado em outro planeta, o que significa que os procedimentos de disposição dos corpos terão que ser corretamente estabelecidos —porque, né, a morte (ainda) é uma parte inevitável da vida. De qualquer forma, antever como um cadáver se comportaria em Marte poderia ajudar a traçar a melhor estratégia de como lidar com o problema.
De acordo com Sarah, com base nas condições ambientais de Marte, se um defunto humano fosse simplesmente abandonado em sua superfície, ele duraria muito — muito — tempo. Isso porque, enquanto aqui na Terra uma porção de microrganismos entra em ação assim que uma pessoa morre, no Planeta Vermelho, onde não existem organismos vivos (ao menos até onde sabemos), a coisa seria diferente.
Representação artística de uma colônia em Marte
As bactérias que viajaram da Terra a Marte no organismo do defunto começariam a trabalhar rapidinho, especialmente se ele fosse deixado na região do equador marciano, onde as temperaturas são um pouco mais amenas durante o dia. Entretanto, à noite, quando as coisas ficam extremamente frias por lá — e bem depressa —, o cadáver acabaria congelando. Com isso, a atividade bacteriana cessaria e o morto começaria a ser mumificado naturalmente.
Ambiente inóspito
Outra coisa que aconteceria com um corpo abandonado aos elementos na superfície de Marte seria a exposição à radiação, já que o planeta conta com uma atmosfera muito mais rarefeita do que a nossa. Assim, pouco a pouco, os compostos orgânicos do cadáver seriam destruídos, e ele seria reduzido a uma pilha de ossos. Mesmo assim, se deixado intocado, o esqueleto provavelmente sobreviveria milhões e milhões de anos.
Contudo, segundo disse Sarah, considerando que os colonizadores seriam humanos, eles provavelmente não deixariam seus mortos jogados por Marte assim, de qualquer jeito — e uma possibilidade seria que os corpos fossem enterrados. Nesse caso, os cadáveres estariam muito mais bem protegidos e, sem sofrer com a ação da radiação, eles seriam bem mais preservados.
Uma opção mais eficiente para os colonizadores lidarem com a questão dos cadáveres seria a cremação. Esse processo, como você sabe, requer oxigênio e um combustível, e as missões que pretendem levar humanos ao Planeta Vermelho já estão trabalhando no sentido de encontrar formas de extrair e até produzir esses recursos por lá. Aliás, o pessoal por trás do projeto Mars One já elegeu a cremação como método de dar um jeito nos mortos.
Por último, uma alternativa menos convencional, mas talvez mais “produtiva”, seria transformar os cadáveres em adubo. Apesar de essa proposta parecer um tanto quanto mórbida, a verdade é que os terráqueos que se lancem na aventura de colonizar o Planeta Vermelho poderiam se beneficiar de um sistema onde fosse possível armazenar matéria orgânica e transformá-la em fertilizante para ser usado no cultivo de plantas e alimentos.
Adubo humano
É claro que, antes de colocar algo como um sistema de compostagem com corpos humanos, os colonizadores teriam que lidar com uma série de tabus inerentes da raça humana. Além disso, para saber realmente como os cadáveres se comportariam e qual seria a melhor forma de lidar com a questão, primeiro temos que chegar até Marte. Porém, não custa nada pensar no que fazer quando o inevitável acontecer.
Via Atlas Obscura /Sara Laskow